Estudantes de Arte

Eurando

Clara Mendes

Markin Pinta

Marianne França

Sophia

Heron Demétrius

Taiana Rocha

William Santos

Claudiney

Clebin dos Santos

Fred Bahia

Poliana Cristina

“O peso da vida está em toda forma de opressão”
Kundera

A vida dos moradores da comunidade dinamarquesa no filme A festa de Babette, nos mostra como o ideal religioso do pastor pode condicionar a comunidade inteira criando uma opressão e uma concepção limitada de mundo que afasta a livre consciência que, em Babette, sempre foi muito clara. No texto de Ítalo Calvino, ele fala sobre Perseu, que não olha diretamente para a Medusa, mas através de um espelho para não se petrificar e deslizando sobre o que há de mais leve, as nuvens e o vento, ele decepa a cabeça do horrendo monstro marinho a golpes de espada e após vencer ele recobre o chão duro com folhagens e deposita a cabeça da Medusa, de face para baixo, com uma lindíssima delicadeza sob as águas. Esse equilíbrio das relações de Babette com as pessoas da comunidade e Perseu com a Medusa é como tirar o gosto amargo com o doce, apalpar o rígido com o macio. Essa oposição inquietante desloca o olhar para outras perspectivas do mundo. A terra. O nascer do fruto no aconchego materno. Entrar de corpo e alma no desconhecido. A pedra sólida e fria que traduz um peso do qual queremos nos livrar. Essas questões são bem próprias dos símbolos, que têm essa função de representar algo para alguém, através de um objeto, um conceito, uma idéia etc. A mandala, que também é cheia de simbologias, representa para o homem o seu abrigo interior onde se permite um reencontro com Deus. A filhas do pastor, que abandonaram suas paixões da juventude em nome da fé e das obrigações, tentam resgatar suas origens firmando nos ensinamentos dele e seguindo uma rotina de vida em que o tempo vai desgastando sua consciência e de repente tudo segue o rumo do frio peso transgressor, e Babette com toda sua precisão e seu equilíbrio mental e emocional, consegue abrandar calorosamente esse sentimento conjunto, dando novas formas que se dissolvem na atmosfera peculiar de cada indivíduo em sua diversidade. O vazio, que era a personalidade perdida de cada pessoa, se reintegra à matéria na sua leveza e simplicidade, que faz do ambiente, antes compacto, rígido, obscuro, agora se tornar claro, leve e puramente simples.